“O que tivermos que fazer para o bem comum, faremos. Sem politicagem. Isso é viver em comunidade”, a fala da assentada Professora Regina, moradora e trabalhadora do Assentamento João Batista, militante do MST e, sobretudo, cidadã sidrolandense, resumiu o espírito daquele povo e o sentido de mais uma sessão itinerante realizada pela Câmara Municipal de Sidrolândia.
A sessão aconteceu no barracão ao lado da Escola João Batista. O barracão, as salas do ensino médio, os sanitários e a cantina foram construídos pelas mãos de muitos dos que ali estavam presentes. Ao todo, 42 moradores compareceram ao encontro marcado pelo presidente da casa, vereador David Olindo. Ao menos 20 nunca haviam acompanhado uma sessão na Câmara Municipal. “Faz 23 anos que moro em Sidrolândia, 15 aqui no João Batista, e nunca ví uma sessão ao vivo. Sempre acompanho pela rádio, mas aqui é diferente. É muito bom poder falar direto com os vereadores”, contou Eliane Bezerra, assentada, filha de assentados, que conhece a luta há muito tempo.
O acesso á escola é difícil para quem vai da cidade, são mais de uma hora e meia de viagem em veículo coletivo, passando apenas pelas estradas principais. “Alguns travessões são intransitáveis, ônibus escolar não passa mais. Criança de 5 anos chega a andar 3 km pra pegar o ônibus para ir à escola, sai de casa às 10:30 e volta depois das 20. E ai da gente se reclamar, o motorista pega birra da criança e dificulta ainda mais”, desabafou Aparecido.
A precariedade do serviço de transporte escolar, as estradas, a falta de maquinário, de merenda, de atendimento médico, de energia ao menos uma vez por mês e até de água limpa para beber, foram apresentadas aos vereadores em discursos sem medo, cheios de argumentos e vontade de mudança. Assim como aconteceu na primeira sessão, realizada na área de retomada Pahó Sini, a plenária não terminou sem uma esperança de solução a curto prazo, David se comprometeu que, após o levantamento de orçamento, a Câmarta destinará parte de suas economias de duodécimo para a construção do novo poço da escola. “Durante a semana debateremos os outros assuntos que aqui foram apresentados e buscaremos soluções junto a que pode fazer algo, mas até agorta não fez, que é o poder executivo. O que faremos, de imediato, é destinar parte do nosso duodécimo para a construção desse novo poço. É inaceitável que nossas crianças e adolescentes fiquem bebendo água de brejo”, declarou David.
Thaís Bett - Assessoria de Imprensa